domingo, junho 15

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Victor Margolin em Sampa!


Um dos meu gurus do Design Sustentável esteve aqui semana passada para palestras e workshops em São Paulo. Pena não poder ter dados as caras aqui na Cidade Maravilhosa. Não pude estar presente.

Victor Margolin é uma das maiores autoridades em história do design da atualidade, seus interesses de pesquisa incluem: cultura visual, história do design gráfico, design social, comunicação visual na esfera pública, comunicação visual e etnicidade, mediação tecnológica, e a história dos designers afro-americanos em Chicago.

E vejam que bacana: os que puderam participar do workshop sobre Design Sustentável receberam uma solicitação do mestre para que lhe enviassem perguntas e temas que seriam discutidos. O guru pediu também que certos textos fossem lidos por esses participantes para que todos estivessem afinados com o tema numa demonstração de que Design Participativo também pode estar no bojo da elaboração de eventos acadêmicos.

Renascimento

Atendendo a pedidos volto a postar aqui no Blog. Ele andou estagnado por mais de um ano! Percalços de final de Mestrado, ingresso em um novo emprego e horas a fio dedicadas a preparação de aulas.

Estou animada!

domingo, agosto 27

P&d Design 2006



Estive no P&D Design 2006 em Curitiba no início de agosto. Pelas informações que recebemos dos organizadores do evento, foram aprovados mais de 600 artigos. No início foi uma correria para acompanhar simultaneamente o que estava acontecendo em quase 20 salas. No terceiro e último dia decidi escolher uma sala cuja temática me interessava e por lá fiquei até o intervalo.

Avaliando o lado positivo, constatei a legitimação da diversidade de temas que compõe o leque do Design: tive a oportunidade de ver temas tão variados que iam desde Design Vernacular até Design Automotivo, de Design e Emoção até material instrucional, da linguagem do livro infantil ao branding, do letramento de crianças surdas à nanotecnologia, do papel social do Design ao Design no cinema, do Ecodesign ao mercado do luxo passando ainda por perfis de usuários, Design de Experiência, ensino à distancia, artesanato, Pós-modernidade, subjetividade….

Por outro lado, todos que tive a oportunidade de trocar algumas impressões concordam que ficou nítida a falta de critérios concisos na aprovação para apresentação de trabalhos. Vi trabalhos interessantíssimos e outros que tive vontade de me esconder debaixo da mesa, tamanha vergonha. Claro que é complicado avaliar tantos trabalhos de temáticas tão diversas, mas acho que, pelo menos para apresentação presencial, o número de trabalhos poderia baixar muito.

De maneira geral, foi muito interessante ver representantes do Brasil afora empenhados em vivenciar discussões das mais atuais e variadas possíveis.

Para quem tiver interessado, recomento visitar o site do evento que está disponibilizando todos os artigos para download, inclusive classificados por temática de interesse.


MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O P&D DESIGN:

O P&D – Congresso Brasileiro de Design - é o maior congresso na América Latina na área do Design.

1994: A Primeira edição do P&D realizou-se em São Paulo. Contando com a participação de 24 instituições de ensino e pesquisa em design, integrando pesquisadores de oito estados brasileiros e convidados internacionais. Neste congresso foram apresentados 55 trabalhos sendo que a organização foi realizada pela revista Estudos em Design.

1996: Em Belo Horizonte foi realizada a segunda edição em dezembro de 1996. Na ocasião foram apresentados 55 trabalhos por 20 instituições brasileiras.

1998: A terceira edição ocorreu no Rio de Janeiro, PUC-Rio. Contou-se com a apresentação de 121 trabalhos de 165 participantes. Foram trazidos também cinco conferencistas do exterior.

2000: Em Novo Hamburgo foi realizada a quarta edição. Naquela ocasião foram apresentados 139 artigos, 6 mini-cursos e 4 conferencistas do exterior proferiram 8 palestras.

2002: A quinta edição, sediada pela Universidade de Brasília, apresentou 301 artigos, com a participação de quatro palestrantes estrangeiros.

2004: Neste ano o evento foi realizado em São Paulo onde foram apresentados um total de 456 artigos. Participaram do evento 7 conferencistas internacionais. Além disto foram realizados 20 minicursos, exposições e oficinas de criação paralelas ao evento

sexta-feira, junho 9

Conceituando: Necessidades I

Como argumenta Katherine McCoy, designer, professora e autora e uma das minhas interlocutoras prediletas, atualmente é basicamente no comércio onde estamos investindo nosso capital de tempo, objetivos, habilidades e criatividade. Esta opção eleva a economia acima de outros assuntos potenciais como as necessidades sociais, educacionais, culturais, espirituais e políticas. Isto me parece extremamente contraditório no país em que vivemos. É inegável que possuímos conhecimentos que poderiam ser bem aproveitados na abordagem de problemas de difícil solução, como é o caso das carências ou necessidades sociais.

Acho que este é um bom momento para delimitar o conceito de necessidade que costumo adotar: escolhi como um dos interlocutores deste conceito o psicólogo humanista Maslow que desenvolveu uma teoria sobre as necessidades básicas do ser humano. Segundo ele, elas seriam:

1) necessidades fisiológicas (fome, sede, sono);
2) necessidades de segurança (segurança e garantia, ausência de perigo);
3) necessidades sociais (afiliação, aceitação e pertinência a grupos);
4) necessidades de estima e auto-estima (realização, competência e reconhecimento de si mesmo);
5) necessidades de auto-realização (auto cumprimento e realização das potencialidades próprias do indivíduo.

Melhor esclarecendo, segundo Apparecida Memede autora, educadora e psicanalista, as necessidades fisiológicas podem ser estendidas às necessidades de alimento, água, oxigênio, sono, sexo, proteção, estimulação sensorial e atividade, representando as necessidades para simples sobrevivência, sendo assim mais fortes ou mais compulsórias. E, ainda segundo esta pesquisadora, estas necessidades precisam ser satisfeitas até certo ponto, antes que as outras necessidades possam surgir.

sexta-feira, junho 2

Marketing Social

Um dos temas que venho estudando para delimitar o conceito do Design Gráfico comprometido com causas sociais é a noção do marketing social. Para esclarecer qualquer dúvida a respeito da relação entre o Marketing e o Design Gráfico, penso que todos concordarão que o marketing se utiliza da comunicação visual para atingir seus objetivos, certo? É claro que há diversas outras maneiras de desenvolver comunicações visuais onde não há nenhuma relação direta com o marketing. Os materiais didáticos e o Infodesign são bons exemplos disso.

Para falar em Marketing, é necessário compreender seus objetivos nos diferentes “setores” da sociedade:

No setor público (primeiro setor) o marketing político se desenvolveu cuidando das três formas de relações com o eleitor: na época de campanha, na época em que governa e na época em que é oposição. Cada um deles tem suas características específicas mas sempre com o mesmo objetivo, qual seja, o de obter o poder através do voto do eleitor.

No setor privado (segundo setor), onde tudo começou, o marketing é desenvolvido na relação de troca com o cliente. O objetivo final deste relacionamento é a efetiva e eficiente troca de bens ou serviços por dinheiro que por sua vez será trocado com o acionista de forma a atingir resultados positivos.

Já no Terceiro Setor, não acontece uma troca efetiva. Quando o financiador investe numa organização, a troca não acontece diretamente. É possível listar inúmeras razões de troca indireta, que podem ser motivadas a partir de uma indignação, por valores morais, religiosos e até por motivos não éticos. Sendo assim, considera-se o elemento fundamental de troca da ajuda/contribuição, como sendo a satisfação e o valor dado pela sociedade ao compartilhar dos objetivos que a organização propõe atingir.

Nas relações deste subsistema, desenvolve-se o marketing social ou o marketing que envolve causas sociais. O marketing social vem administrar estas relações.

Este tipo de atividade não está, como o marketing no segundo setor, voltada para a troca de algum tipo de serviço por dinheiro. No Marketing social o principal objetivo é captar fundos para algum projeto. A estratégia de marketing tem como foco de troca as realizações e resultados atingidos por uma organização. Assim, o financiador da colaboração evidencia sua importância para com a organização e conseqüentemente para com a sociedade.

No marketing social a comunicação normalmente desenvolvida, apresenta a organização social, sua missão e realizações, assim como, aquilo que o financiador busca trocar com a organização, isto é, o que tem valor para ele.

Se nas empresas o esforço de marketing está relacionado diretamente aos resultados desta empresa, seus produtos ou serviços sendo eles diretamente envolvidos na troca, no terceiro setor, a receita não é, na maioria das vezes, proveniente diretamente dos produtos ou serviços desenvolvidos pela organização, mas sim da receita de outro tipo de relacionamento com outros elementos.

Quem quiser se aprofundar nestes conceitos recomento a leitura de José Américo Sampaio.

terça-feira, maio 30

Sujeito Valorizado

Estou encantada com alguns estudos da Teoria da Recepção. É incrível como existe uma convergência de idéias sobre a valorização do papel do sujeito. Para compreender este conceito vale uma olhada neste trecho de um texto de Adriana Hoffmann Fernandes:

“(...) o sujeito está sendo pensado atualmente no mundo contemporâneo. Refiro-me ao termo sujeito entendendo-o como indivíduo ativo, sujeito de suas próprias escolhas. Percebemos como tem se ampliado nos últimos anos o interesse pelo estudo do leitor, consumidor, receptor, usuário. Não importa que nomes usemos para nomeá-los, a maciça presença deles só denota o quanto a preocupação com o sujeito tem permeado os estudos das diferentes áreas. Ele é o receptor na TV e no cinema, é o leitor na literatura, é o consumidor na propaganda, marketing e em alguns estudos de comunicação, é usuário no design mas acima de tudo, em todos, ele é sujeito.
O olhar para as questões do sujeito contemporâneo é interdisciplinar. A
sociologia, a antropologia, a educação, a comunicação, o design e outras áreas
acrescentam visões e complementam-se nessa construção.”

Congresso Internacional de Educação Artística e Visual

No final de abril, tive a oportunidade de participar do Congresso Internacional de Educação Artística e Visual – Realizado pela Universidad de Sevilla – Espanha. Não dá pra não falar da ultrapassada discussão Design X Arte porque é particularmente interessante notar como estas questões são encaradas com tranqüilidade neste país. Para a grande maioria, não resta dúvida de que o Design Gráfico pertence ao campo da Arte. Esta aparente simplificação faz com que as discussões avancem por rumos diferentes e bem interessantes. Para quem se interessa por este tema vale a pena conferir os trabalhos de Javier Mariscal. Acho difícil alguém observar os trabalhos do estúdio deste Designer (ou seria artista) Gráfico sem se questionar sobra a validade desta cisão conceitual.


Voltando ao congresso, em geral, as apresentações dos congressistas que mais me interessaram abordavam a Cultura Visual através dos seguintes aspectos: Pósmodernidade, formação de identidades, questões de gênero, educação estética, ética e valores.

Destaco os seguintes pesquisadores:

Juan Carlos Arañó discutiu a relação que a arte estabelece com a vida contribuindo para a construção de um outro modelo de escola e sociedade. Para este professor catedrático da Universidad de Sevilla e pesquisador, este novo modelo deve ser capaz de gerar mudanças internas nos sujeito no que diz respeito ao seu papel e função social. Arañó, foi bastante crítico em sua análise sobre a pouca relevância que a educação artística tem no ensino atual dizendo que, ainda assim, sua transmissão não se concretiza de maneira adequada.

Remédios Zafra me surpreendeu em sua apresentação discutindo um tema bastante interessante e oportuno: arte, internet e coletividade. Esta pesquisadora, professora da Universidade de Sevilla e diretora da revista Mulher e Cultura Visual, além de ser professora de uma disciplina chamada Ciberfeminismo, participa de uma interessante pesquisa onde são investigadas as condições da produção de subjetividade no meio eletrônico, já que este se configura como um espaço político e cognoscitivo do sujeito. Vale a pena conferir alguns de sues trabalhos.


Discutindo o conceito da Educação Estética como forma de desenvolver a própria identidade, Imanol Aguirre fez uma apresentação exemplar partindo em defesa da renovação do conceito “artístico” para “estético” entendendo-o como uma experiência. A noção de “experiência” confere um melhor entendimento da importância da Estética para a vida estando indissociavelmente ligada ao forjamento das identidades. Fiquei imaginando quantas associações se pode fazer destes conceitos com o campo do Design....

quinta-feira, maio 18

Estou de volta!

Alô, alô a todos! Estou de volta!

Sacudi a poeira depois de quase 6 meses sem postar (o tempo voa!) a voltei com energia total - e de cara nova! - pra continuar botando pra fora tudo o que tenho visto e lido dentro do Design Gráfico que esteja relacionado com projetos envolvidos com problemas sociais - o que eu já disse aqui que estou chamando de Design Gráfico Socialmente Orientado.

Aliás, como é difícil falar deste tema! Antes mesmo de começar muitas discussões já tem alguém para dizer: "todo o tipo de Design tem como finalidade atender a sociedade". Claaaaaaaro que sim. Mas também não dá pra entender a insistência (implicância mesmo!) na falta de compreensão de que estamos falando de uma sub-área de interesse dentro do Design. Tudo bem, o nome não está claro? vá lá! Depois de muita dor de cabeça, um papo informal com um amigo me trouxe a idéia de falar de uma maneira mais específica: acabei optando por "Design Gráfico Comprometido com Causas Sociais".

O que vocês acham? seria melhor dizer "Envolvido"?

Acho que já contei que toda esta discussão faz parte de uma pesquisa que começei desenvolvendo na Espanha faz 5 anos e que agora estou tendo a oportunidade de desenvolver também no meu mestrado na PUC-Rio. Por isso quero agradecer os vários comentários que tenho recebido que tanto têm me ajudado! Quero dizer também que estou super aberta a colaborações com sugestões de discussão, novidades, informes de projetos, parcerias para novos blogs coletivos... e críticas também, ok!?

No próximo post comento sobre um congresso que tive a oportunidade de participar no mês passado na Espanha! Prometo não demorar!

quarta-feira, novembro 23

Congresso de Design Social

Olá a todos! Tenho recebido algumas críticas sobre o conteúdo do blog: está acadêmico demais. Vou tentar pegar mais leve. Mas acho importante dizer que o tema pede um pouco de seriedade já que estamos tentando encarar um paradigma inovador para o campo do Design Gráfico. Mas, mudando de assunto, está sendo divulgado o 1o Congresso de Design e Responsabilidade Social, que vai acontecer no Rio Grande do Sul. Vale a pena visitar o site:

http://www.designcarazinho.com.br/conders/intro.htm

Abraços e até!

sexta-feira, setembro 23

Design Com a Sociedade

O pesquisador Victor Margolin recentemente (2003) escreveu um artigo sobre o que classifico como Design Socialmente Orientado onde este autor menciona que as diferenças do processo de design para o ¨modelo de mercado¨ ou para o ¨modelo social¨ são definidas, muito mais, pelas prioridades de uma comissão de pesquisa do que por um método de distribuição ou de produção.

Margolin argumenta que muitos produtos projetados para o mercado de consumo também solucionam uma necessidade social, porém o mercado não pode se responsabilizar por todas as necessidades sociais, já que estas incluem as populações que não constituem a classe de consumidores no sentido de mercado, ou seja: as pessoas mais pobres ou com necessidades especiais devido à idade, à saúde, ou aos problemas físicos.

Para solucionar as necessidades das populações marginais, o autor descreve a prática laboral social onde um designer atuaria em conjunto a um grupo de trabalhadores sociais que fariam uma análise do que ocorre no sistema do usuário (pessoa, família, grupo, organização, ou comunidade) e os aspectos dentro do ambiente com o qual o sistema do usuário interage. Os variados aspectos que afetam o funcionamento humano são: o biológico, o psicológico, o cultural, o social, o natural, e o físico/espacial.

Na visão de Margolin, seria exatamente no aspecto físico/espacial onde um designer atuante do ¨modelo social de design¨ deveria intervir:

O aspecto físico/espacial, (...) abarca todas as coisas criadas pelos seres humanos tais como objetos, edifícios, ruas, e sistemas do transporte. Os arredores físicos inadequados e os produtos inferiores podem afetar a segurança, a oportunidade social, o nível da tensão, o sentido de pertencer, a auto-estima, ou ainda a saúde física de uma pessoa ou de várias pessoas numa comunidade. Um ajuste pobre, com um ou mais aspectos dominantes pode estar na raiz do problema do sistema do usuário, criando assim uma necessidade humana (Margolin , 2003, 2).

O autor segue definindo este método de trabalho, próprio das ciências sociais, onde os participantes tendem a seguir um modelo da prática do internista num processo de solução de problemas que compreende seis passos:

1. Contrato (compromisso),
2. Análise,
3. Planejamento,
4. Implementação,
5. Avaliação,
6. Finalização.

O processo inteiro se realiza em colaboração com o sistema do usuário. Outros profissionais de áreas diferentes podem ser convidados como parte da intervenção.

Na fase do contrato, o trabalhador social escuta o usuário e obtém um informe do atual problema.

Na fase seguinte, da análise, o trabalhador social observa holisticamente a interação do sistema do usuário dentro dos variados aspectos ambientais. A principal tarefa numa análise consiste em não tomar um problema de maneira superficial, e sim olhar mais profundamente o contexto onde se insere o sistema do usuário com o objetivo de atingir as raízes do problema.

O resultado da fase de análise é uma listagem de diversas necessidades a serem tratadas.

Na terceira fase, o planejamento, o trabalhador social se insere no sistema do usuário para conhecer suas necessidades, tentando determinar qual é a prioritária. Então o trabalhador social e o sistema do usuário estudam diversas soluções. Falam de várias idéias e decidem qual tipo de intervenção será mais efetivo. Juntos o sistema do usuário e o trabalhador social fazem uma listagem de metas e de objetivos.

Na fase seguinte, de implementação, a intervenção é dirigida pelas metas e objetivos mencionados na etapa anterior.

O autor prossegue sugerindo algumas opções de como um designer poderia colaborar com uma equipe de trabalhadores sociais. Ele argumenta que durante a fase da análise, o designer, como membro de uma equipe da intervenção ou como consultor, poderia identificar os fatores que contribuem para um problema. Na fase do planejamento, um designer poderia desenvolver as estratégias da intervenção relacionadas com o ambiente físico. Durante a implementação, o designer poderia criar um produto necessário ou trabalhar junto ao sistema do usuário para projetá-lo.

Estas estratégias diferenciam este pesquisador das idéias sugeridas por Vitor Papanek em seu polêmico Design for the real world. Papanek, traça as diferenças entre designers sociais responsáveis e os que desenvolvem seu trabalho num mercado comercial que prospere na produção excessiva de produtos inúteis. Áspero e criticando a economia de mercado, ele traça as opções para um designer social.

Papanek enfatiza que os designers sociais responsáveis devem organizar suas próprias intervenções fora do mercado de consumo, mas o autor não esclarece como isto poderia ser feito.

Margolín defende que profissionais sociais e designers que desejam desenvolver o trabalho social responsável, poderiam encontrar maneiras de trabalharem juntos. Este autor crê que os designers encontrarão muito mais aliados nas profissões relacionadas com a saúde, a educação, o trabalho social, o envelhecimento, e a prevenção do crime do que se pode evidenciar na análise de Papanek.

Margolín termina propondo uma ¨agenda para o design social¨ argumentando que um motivo pelo qual não há mais investimento para os serviços de design social é a carência de pesquisas para demonstrar como pode contribuir um designer ao bem-estar humano. Desta maneira, propõe uma ampla agenda de pesquisa para o design social que deveria começar avaliando um número de perguntas:

• Que papel pode um designer desempenhar num processo de colaboração na intervenção social?
• O que se está fazendo atualmente a respeito e o que poderia ser feito?
• Como se poderia apresentar à sociedade uma imagem de um designer social responsável?
• Como podem as agências que financiam os projetos e pesquisas da assistência social obterem uma opinião mais consistente do design como atividade social responsável?
• Que classes de produtos solucionam as necessidades de populações vulneráveis?

Cremos que alguns destes aspectos já começam a ser implementados, como vimos nos exemplos anteriores, porém ainda existe muito por fazer.

O próprio autor responde a estas perguntas e sugere algumas perspectivas futuras argumentando que pode-se fazer uma aproximação multifacetada para explorar estes e outros temas. Pesquisas e entrevistas com os profissionais do serviço social, com os designers e administradores de agências de recursos humanos poderiam ser realizadas como tentativa de recopilar informação sobre opiniões e atitudes, além de solicitar sugestões para tais mudanças. A análise do conteúdo de arquivos de dados tais como diários, jornais, e revistas poderiam ser utilizadas para reconhecer como os meios informativos divulgam as aplicações do design social.

Margolín propõe outra alternativa como método de pesquisa para detectar onde e como um designer poderia intervir responsavelmente: o método da observação participante. Isto exigiria aos designers que incorporassem alguns aportes metodológicos das ciências sociais, com o objetivo de observar e documentar as necessidades sociais que podem ser satisfeitas com intervenções do design.

O autor diz também que para criar produtos novos os designers deveriam deter-se a pesquisas com a finalidade de saber como traduzir suas idéias em projetos acabados. Seria necessário avaliar estes produtos em situações reais para provar sua eficácia. Seria importante, também, que o campo social do design tivesse um compêndio dos estudos de caso que documentam exemplos da prática relevante.

O autor conclui dizendo que o alcance da pesquisa para o design social inclui as opiniões do público e de designers, assuntos econômicos relativos a agência de intervenções sociais, a importância do design que tenta melhorar a vida de populações desfavorecidas, uma taxonomia das tipologias de produtos novos, os benefícios econômicos atingidos pela fabricação de produtos sociais responsáveis e a maneira pela qual estes produtos e serviços são recebidos pelas pessoas.

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Este texto é parte de um artigo originalmente publicado na revista Design Gráfico de abril de 2004 (ano 9 nº 81)
Texto Original "Social Design" de Vitor Margolin em www.icograda.org

terça-feira, agosto 30

Designer: seu papel social

Começar a falar de uma coisa nova é sempre difícil. Achei que seria interessante começar falando da minha descoberta do design “social”. Estava terminando minha graduação na UFRJ em 99 me via em meio a um mar de dúvidas e insegurança quanto ao meu futuro profissional. Navegando as incertezas, pelo menos uma coisa eu sabia: em nenhuma hipótese eu trabalharia convencendo pessoas a comprarem o que eu mesma não compraria. De alguma maneira, esta única certeza acabou por nortear meu caminho e me aproximei do campo da pesquisa.

Conheci alguns designers que estavam procurando uma maneira de desenvolver trabalhos que contribuíssem na busca de soluções para os problemas sociais num evento do ICOGRADA e da ONG Design For the World em dezembro de 2002. Foi muito interessante perceber que o que motivava todas aquelas pessoas não era somente altruísmo, como a princípio imaginava, e sim, sentir-se integrante de um processo de mudança de paradigmas, sentir-se bem por fazer algo bem e bom, expressão de sua ideologia. Parece um pouco anacrônico falar em ideologia em tempos pós modernos. Porém, considero que qualquer profissional que se aproxima da área de utopias sociais, está bastante imbuído de idéias de respeito a vida, valorização os direitos humanos e a sustentabilidade ambiental. Em outras palavras para falar em design social, ou melhor, Design Socialmente Orientado, inevitavelmente abordamos conceitos como ética e responsabilidade profissional.

É natural que conceitos novos tragam idéias motivadoras, muita crítica e também muitas controvérsias. Acredito que para chegarmos a uma conceituação que respalde o florescimento de uma emergente área de conhecimento dentro do design é preciso passar pelo conceito de comunicar. Designers, de qualquer vertente, configuram a cultura material –visual ou de produtos- de sua sociedade. Conseqüentemente, designers transmitem idéias, valores e conceitos que afetam as ações, as opiniões, a conduta e o conhecimento dos usuários (também conhecidos como consumidores!). Para mim, nada mais natural do que conceber este como um processo de comunicação. Admitindo que nossa tarefa é, antes de mais nada, COMUNICAR a mensagem (ou ideologia!) do cliente (emissor) para seu consumidor (intérprete), a noção da responsabilidade profissional e ética ficam bem mais evidentes.

Avançando um pouco neste raciocínio, não seria um equívoco dizer que educamos os consumidores. E um pouco mais grave: educamos os consumidores persuadindo-os a consumir o que querem os nossos clientes. Tá bom, nem todas as áreas do design estão voltadas à ativação do mercado de consumo, afinal existe o design da informação, o design de equipamentos médicos e para deficientes físicos, design de sinalizações e etc., o que deixa bem claro que o designer projeta uma interface entre um indivíduo e o mundo que o cerca, sua função é facilitar a vida das pessoas.

Acredito que para começar qualquer discussão sobre Design Socialmente Orientado é necessário que tenhamos consciência de que o fruto do nosso trabalho contribui, mesmo que com uma pequena parcela, para a configuração de nossa sociedade. É necessário que tenhamos claro que tipo de sociedade ajudamos a configurar. Você está satisfeito com sua sociedade? Você está satisfeito com o que seu trabalho transmite?

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Texto publicado no Cônico - Informativo do CONE Design (Conselho Nacional de Estudantes de Design) - Dezembro de 2004

sexta-feira, agosto 26

Discutindo as Visões sobre o Design

Acabei não comentando as visões sobre o Design que postei ontem.
Acredito que cada uma das cinco coexiste em qualquer cidade de médio porte e, dependendo da época, uma fica mais notória que outra. Atualmente, vejo uma forte visão das estratégias de Marketing guiando os projetos de Design. Já vi até professores comentando que o Design Gráfico é uma atividade que está dentro do Marketing. Por isso expressei abaixo minhas preocupações com a manipulação de idéias através de imagens que desenvolvemos maçissamente hoje em dia.

Por outro lado, existe a visão autoral que, acredito, sempre desempenha um papel de destaque no terreno de nossa profissão. Não sei se devido à formação acadêmica (pouco crítica) ou ao narcisismo (mesmo quando não refletido ou assumido), muitos designers se deixam levar pelas ondas da vaidade na hora de conceber uma peça gráfica. Arriscaria até mesmo dizer que a grande maioria dos designers que conheço projeta desta forma. Exagerando, diria ainda que a junção destas duas vertentes pode resultar numa receita explosiva: Jobs elaborados pelo departamento de marketing fermentados por um processo metodológico e temperados abundantemente com a vaidade de um bom designer podem resultar um prato perigoso. Um exemplo: embalagem de Água Diet. Não é brincadeira. O slogam diz: “Diet por Natureza”. (jornal O Globo, pg 26, 23 de fevereiro de 2005).

Enfocar a comunicação no processo de Design parece chover no molhado. Mas, ao conceituar a profissão como esclarecido no item 3, além de delimitar nosso campo de ação, também estamos dando um passo em direção a uma visão mais holística e humanista sobre o Design. Nesta definição o centro das atenções passa a ser o sujeito que interpretará a menssagem. Aqui devemos projetar conforme suas necessidades de comunicação. Para isso devemos dedicar algum tempo para conhecê-lo melhor. Só desta maneira garantiremos o sucesso na compreensão da mensagem.

A quarta concepção talvez seja a mais inovadora: para determinados projetos que envolvem temas delicados e uma forte sugestão para a mudança de comportamentos, condutas ou atitudes (campanhas de trânsito, de saúde pública, etc) é tão importante que conheçamos o meio onde está inserido o sujeito (ou sujeitos) alvo da mensagem que necessitamos trabalhar junto a uma equipe com profissionais de outras áreas para compreendê-lo melhor. Esta idéia do designer como um profissional cujos talentos e saberes podem ser utilizados para a diminuição de problemas me parece muito oportuna em nossa sociedade. Pretendo dedicar-me a ela com mais profundidade nas próximas sessões com exemplos de alguns projetos que venho identificando.

Por fim, a idéia de um designer engajado muito se articula com a visão acima e me parece que é justamente o que falta atualmente: uma visão de classe, de coletividade entre designers. Acima disso acredito que podemos nos articular para utilizarmos nosso potencial persuasivo para tratar questões cruciais de nosso tempo. Mas isso também pretendo discutir bem devagar nas próximas postagens….

A Ideologia do Design

“O Design seria, antes de tudo, um instrumento para a materialização e perpetuação de ideologias, de valores predominantes em uma sociedade, ou seja, o designer, consciente ou não, reproduziria realidades e moldaria indivíduos por intermédio de objetos que configura, mesmo que poucos designers aceitem a faceta mimética de sua atividade”.

(Bomfim, G. A. Fundamentos de uma Teoria Transdisciplinar do Design: Morfologia dos objetos de uso e sistemas de comunicação, Estudos em Design Volume V, numero II, Rio de Janeiro, 1997)



Este é um aspecto do design que costumo valorizar muito. Me parece bastante triste perceber que muitos profissionais não se dão conta que transmitimos valores com o nosso trabalho. Pelo fato de trabalharmos com imagens e estas terem uma velocidade rápida de assimilação, isto me parece um pouco mais preocupante.... Se a isso ainda somarmos o fato do grande número de nossos expectadores serem analfabetos funcionais acho que temos a medida de nossa responsabilidade ao trabalhar com peças gráficas que, por muitas vezes, se transformarão na maneira de uma pessoa "ler" o mundo.

quinta-feira, agosto 25

Visões sobre o Design Gráfico

Para dar início a empreitada resolvi colocar algumas concepções acerca do Design Gráfico. Trata-se de cinco diferentes “visões”, baseadas em argumentos de autores contemporâneos, que definem este campo do saber conforme seus diferentes interesses. Vamos lá:

1 - Design Gráfico subordinado ao Marketing e a Publicidade

Esta concepção está intimamente relacionada à maneira como a publicidade comercializa mediante “parâmetros de moda” destacando políticas de identidades e ideologias, além de princípios que acentuam o individualismo e a diferença como elementos centrais do Mercado.

Sendo assim, nesta concepção de design gráfico, sua atividade profissional se caracteriza como prestadora de serviços ao mercado de consumo enfatizando o desenvolvimento de projetos que correspondam a uma eficiente, rápida e volumosa reprodutibilidade por meio gráfico.

“Seria importante analisar o grau de compromisso do designer gráfico com as relações sociais de produção próprias do capitalismo, o que pode resultar, numa análise meticulosa, em uma alienação deste designer quanto ao fruto do seu trabalho. Se o designer trabalha para uma agência cujos clientes são grandes empresas nas quais as estratégias de marketing são determinadas por seus respectivos departamentos de marketing, o grau de alienação e indubitavelmente maior” (Villas-Boas, 1997).

“Em todas as suas especialidades, o design é a expressão mais alusiva a cultura da indústria. Seu núcleo conceitual, a configuração, é de natureza essencialmente industrial e sua função específica, semiótica e estética revela e desenvolve a dimensão cultural da produção” (Chaves, 1997).


2 - Design Autoral – O Design Gráfico “quase” Arte

No momento de projetar “um dos caminhos possíveis – tendo em vista os aspectos informativos, estéticos e persuasivos que envolvem a atividade – é o de enfatizar a estética como elemento essencial “ (Frere-Jones, 1997).

Deste modo, enfatiza-se o caráter de composição aproximando o Design a uma Linguagem Artística, valorizando o aspecto inventivo e inovador como condição técnica, além de subjetividade e intuição.

“Existem duas maneiras de um designer validar sua autoridade: a primeira, ligada a uma visão modernista, seria a de apresentar-se como um engenheiro visual ou então um quase-cientista. Seu desafio consistiria em estudar um problema e produzir o mais eficiente e claro método de comunicar. A segunda seria enfatizar a natureza artística do design. Neste caso, o cliente esperaria dele um projeto que incorporasse uma determinada composição. A legibilidade, neste caso, poderia ser deixada de lado a favor da criação de uma atmosfera”. (Michel Rock, in Frere-Jones, 1997).


3 - Design Gráfico com ênfase na Comunicação

Nesta concepção o aspecto essencial da profissão não é criar formas e sim criar comunicações. Ou seja: se cria porque alguém quer comunicar algo a outra pessoa. A razão de ser de uma peça de design gráfico é comunicar visualmente.

“Desta maneira a melhor definição e o título más apropriado e descritivo para esta área é ‘Design de Comunicações Visuais’ , já que neste caso estão presentes os três elementos necessários para definir uma atividade: um método: Design; um objetivo: Comunicar; um campo: o Visual” (Frascara, 1988)

“O Design de Comunicações Visuais, muito além da cosmética, tem a ver com o planejamento e estruturação das comunicações, com sua produção e com sua avaliação” (Frascara, 1998).

Nesta concepção o Destinatário (ou usuário da mensagem) assume a preocupação central e a construção de mensagens não provém de princípios estéticos universais ou caprichos do designer. Num design publicitário onde o público não compra o produto anunciado, a estratégia fracassou, apesar da possível beleza da peça ou da quantidade de prêmios que o designer tenha ganho.

Da mesma maneira, em outras categorias do design gráfico, devemos destacar suas funções de afetar o conhecimento, o comportamento ou a conduta das pessoas. Por isso a propaganda política esta dirigida a afetar a opinião e as ações das pessoas; os sinais de trânsito, a afetar o comportamento das pessoas organizando o fluxo de veículos; os materiais didáticos, a afetar o conhecimento otimizando a tarefa educativa; e os símbolos de segurança industrial, a afetar a conduta reduzindo os acidentes de trabalho.


4 - Design Gráfico - Trabalhando em Equipe

Esta abordagem concebe o Design Gráfico como uma atividade menos dependente de inspirações individuais (menos criador distanciado), e sim como um membro de uma equipe de profissionais associados ao processo de manufatura, ao mercado e aos usuários. A atuação profissional passa a ser encarada como um processo evolutivo de negociação constante.

“Este profissional generalista deve ter uma formação que lhe permita entrar em contato produtivo com uma série de especialistas: sociólogos, psicólogos, antropólogos, educadores e profissionais de marketing, visando uma abordagem mais profunda a complexa o que resultaria em uma solução mas efetiva do problema”. (Frascara, 1997).

Esta conceituação assume o design gráfico como necessariamente de massa e contextualizado, adaptado às características econômicas, sociais e culturais de seus usuários.


5 - Design Engajado

Esta concepção é contrária a idéia de que o Designer é um transmissor neutro das mensagens dos clientes. De certa forma, se opõe também aos conceitos da Bauhaus e do Funcionalismo, cujos pressupostos eram Clareza e Objetividade.

Esta idéia surge a partir de um encontro ocorrido em 1968, onde grande parte dos designers participantes ignorava os problemas políticos e culturais da época, então, extremamente conturbada.

“O Universalismo nos trouxe um estilo corporativo homogeneizado que está baseado principalmente em helvética e na Grid, ignorando o poder e as potencialidades dos vocabulários estilísticos regionais, idiossincráticos, pessoais ou culturalmente específicos. E o ideal de design neutro é um mito perigoso. Na realidade todas as soluções de design envolvem um ângulo, uma perspectiva, implícita ou explícita. Os designers mais honestos reconhecem suas inclinações abertamente, ao invés de manipular suas audiências com afirmações de “verdade” universal e pureza”. (McCoy, 1997).

Está nascendo!

Finalmente! Depois de um longo período de gestação resolvi colocar no ar um blog pra compartilhar várias idéias...