sexta-feira, agosto 26

A Ideologia do Design

“O Design seria, antes de tudo, um instrumento para a materialização e perpetuação de ideologias, de valores predominantes em uma sociedade, ou seja, o designer, consciente ou não, reproduziria realidades e moldaria indivíduos por intermédio de objetos que configura, mesmo que poucos designers aceitem a faceta mimética de sua atividade”.

(Bomfim, G. A. Fundamentos de uma Teoria Transdisciplinar do Design: Morfologia dos objetos de uso e sistemas de comunicação, Estudos em Design Volume V, numero II, Rio de Janeiro, 1997)



Este é um aspecto do design que costumo valorizar muito. Me parece bastante triste perceber que muitos profissionais não se dão conta que transmitimos valores com o nosso trabalho. Pelo fato de trabalharmos com imagens e estas terem uma velocidade rápida de assimilação, isto me parece um pouco mais preocupante.... Se a isso ainda somarmos o fato do grande número de nossos expectadores serem analfabetos funcionais acho que temos a medida de nossa responsabilidade ao trabalhar com peças gráficas que, por muitas vezes, se transformarão na maneira de uma pessoa "ler" o mundo.

2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Bianca,

Este trecho me faz lembrar do enfraquecimento da ideologia centrada e do surgimento de micro-ideologias a partir da década de 1960 que nem sempre levam em consideração valores predominantes, propondo uma inovação be-sample como ideologia principal.

bjo

domingo, 25 setembro, 2005  
Anonymous Anônimo disse...

Nesse trecho muitos profissionais não se dão conta que transmitimos valores com o nosso trabalho lemqbrei que achei deplorável o Gustavo Piqueira (ex-presidente da ADG), no seu livro (Morte aos papagaios), sair dizendo que o design é uma linguagem... explico num trecho do meu tcc:

Piqueira (2004, p.88, 90 e 106-107) depois de falar que sabe fazer embalagem de sabão em pó (“a camisa tem que ser branca, mas com algum detalhe de outra cor, o produto tem que demonstrar atuação sobre lugares específicos da roupa”), e depois de dizer entender que as capas de livro que desenha “tem que ter vida própria”, afirma que “o papel social do design gráfico não é o de doutrinar pessoas. Não é o de dizer a elas o que fazer. Dar informação visual nova a essas pessoas é lhes dar poder. Sofi sticar seus olhares, ampliar seus repertórios visuais é lhes dar poder. Independentemente de sua cor, de sua renda ou de seu país”. Entretanto, se na prática profissional se tem apenas a oportunidade de materializar os interesses de terceiros (vender sabão em pó e livros), a informação visual que o design gráfico gera para a sociedade não será mais o seu discurso, será, sim, o discuro desse terceiro – que não necessariamente possibilita que sejamos, como sugere o corpo da pesquisa [entrevistas realizada com professores de 10 instituições de ensino de design], educadores socio-ambientalmente compromissados. Dessa forma, o design é usado como ferramenta que constrói os objetivos de terceiros e não os objetivos da própria classe.

[e, no caso, esse terceiro é o famoso mercado, que tem ditado tanta coisa...]

sexta-feira, 25 novembro, 2005  

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