quinta-feira, agosto 25

Visões sobre o Design Gráfico

Para dar início a empreitada resolvi colocar algumas concepções acerca do Design Gráfico. Trata-se de cinco diferentes “visões”, baseadas em argumentos de autores contemporâneos, que definem este campo do saber conforme seus diferentes interesses. Vamos lá:

1 - Design Gráfico subordinado ao Marketing e a Publicidade

Esta concepção está intimamente relacionada à maneira como a publicidade comercializa mediante “parâmetros de moda” destacando políticas de identidades e ideologias, além de princípios que acentuam o individualismo e a diferença como elementos centrais do Mercado.

Sendo assim, nesta concepção de design gráfico, sua atividade profissional se caracteriza como prestadora de serviços ao mercado de consumo enfatizando o desenvolvimento de projetos que correspondam a uma eficiente, rápida e volumosa reprodutibilidade por meio gráfico.

“Seria importante analisar o grau de compromisso do designer gráfico com as relações sociais de produção próprias do capitalismo, o que pode resultar, numa análise meticulosa, em uma alienação deste designer quanto ao fruto do seu trabalho. Se o designer trabalha para uma agência cujos clientes são grandes empresas nas quais as estratégias de marketing são determinadas por seus respectivos departamentos de marketing, o grau de alienação e indubitavelmente maior” (Villas-Boas, 1997).

“Em todas as suas especialidades, o design é a expressão mais alusiva a cultura da indústria. Seu núcleo conceitual, a configuração, é de natureza essencialmente industrial e sua função específica, semiótica e estética revela e desenvolve a dimensão cultural da produção” (Chaves, 1997).


2 - Design Autoral – O Design Gráfico “quase” Arte

No momento de projetar “um dos caminhos possíveis – tendo em vista os aspectos informativos, estéticos e persuasivos que envolvem a atividade – é o de enfatizar a estética como elemento essencial “ (Frere-Jones, 1997).

Deste modo, enfatiza-se o caráter de composição aproximando o Design a uma Linguagem Artística, valorizando o aspecto inventivo e inovador como condição técnica, além de subjetividade e intuição.

“Existem duas maneiras de um designer validar sua autoridade: a primeira, ligada a uma visão modernista, seria a de apresentar-se como um engenheiro visual ou então um quase-cientista. Seu desafio consistiria em estudar um problema e produzir o mais eficiente e claro método de comunicar. A segunda seria enfatizar a natureza artística do design. Neste caso, o cliente esperaria dele um projeto que incorporasse uma determinada composição. A legibilidade, neste caso, poderia ser deixada de lado a favor da criação de uma atmosfera”. (Michel Rock, in Frere-Jones, 1997).


3 - Design Gráfico com ênfase na Comunicação

Nesta concepção o aspecto essencial da profissão não é criar formas e sim criar comunicações. Ou seja: se cria porque alguém quer comunicar algo a outra pessoa. A razão de ser de uma peça de design gráfico é comunicar visualmente.

“Desta maneira a melhor definição e o título más apropriado e descritivo para esta área é ‘Design de Comunicações Visuais’ , já que neste caso estão presentes os três elementos necessários para definir uma atividade: um método: Design; um objetivo: Comunicar; um campo: o Visual” (Frascara, 1988)

“O Design de Comunicações Visuais, muito além da cosmética, tem a ver com o planejamento e estruturação das comunicações, com sua produção e com sua avaliação” (Frascara, 1998).

Nesta concepção o Destinatário (ou usuário da mensagem) assume a preocupação central e a construção de mensagens não provém de princípios estéticos universais ou caprichos do designer. Num design publicitário onde o público não compra o produto anunciado, a estratégia fracassou, apesar da possível beleza da peça ou da quantidade de prêmios que o designer tenha ganho.

Da mesma maneira, em outras categorias do design gráfico, devemos destacar suas funções de afetar o conhecimento, o comportamento ou a conduta das pessoas. Por isso a propaganda política esta dirigida a afetar a opinião e as ações das pessoas; os sinais de trânsito, a afetar o comportamento das pessoas organizando o fluxo de veículos; os materiais didáticos, a afetar o conhecimento otimizando a tarefa educativa; e os símbolos de segurança industrial, a afetar a conduta reduzindo os acidentes de trabalho.


4 - Design Gráfico - Trabalhando em Equipe

Esta abordagem concebe o Design Gráfico como uma atividade menos dependente de inspirações individuais (menos criador distanciado), e sim como um membro de uma equipe de profissionais associados ao processo de manufatura, ao mercado e aos usuários. A atuação profissional passa a ser encarada como um processo evolutivo de negociação constante.

“Este profissional generalista deve ter uma formação que lhe permita entrar em contato produtivo com uma série de especialistas: sociólogos, psicólogos, antropólogos, educadores e profissionais de marketing, visando uma abordagem mais profunda a complexa o que resultaria em uma solução mas efetiva do problema”. (Frascara, 1997).

Esta conceituação assume o design gráfico como necessariamente de massa e contextualizado, adaptado às características econômicas, sociais e culturais de seus usuários.


5 - Design Engajado

Esta concepção é contrária a idéia de que o Designer é um transmissor neutro das mensagens dos clientes. De certa forma, se opõe também aos conceitos da Bauhaus e do Funcionalismo, cujos pressupostos eram Clareza e Objetividade.

Esta idéia surge a partir de um encontro ocorrido em 1968, onde grande parte dos designers participantes ignorava os problemas políticos e culturais da época, então, extremamente conturbada.

“O Universalismo nos trouxe um estilo corporativo homogeneizado que está baseado principalmente em helvética e na Grid, ignorando o poder e as potencialidades dos vocabulários estilísticos regionais, idiossincráticos, pessoais ou culturalmente específicos. E o ideal de design neutro é um mito perigoso. Na realidade todas as soluções de design envolvem um ângulo, uma perspectiva, implícita ou explícita. Os designers mais honestos reconhecem suas inclinações abertamente, ao invés de manipular suas audiências com afirmações de “verdade” universal e pureza”. (McCoy, 1997).

4 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Quantas faces o designer pode assumir?
Cidadão multifacetado artista, artesão e projetista tem de reenvindicar um espaço de expressão no meio da nossa selva selvagem brasilis.

segunda-feira, 26 setembro, 2005  
Blogger Edson C. Damasceno disse...

designer gráfico tamabémk é o cara da gráfica que tem que fazer os concertos necessários que os ditos Designers ignoram a forma de como suas brilhantes idéias são impressas em papel.

quarta-feira, 15 março, 2006  
Anonymous Anônimo disse...

design engasgado????

que piada kakaka

lo0ol

xD

quinta-feira, 08 novembro, 2007  
Anonymous Anônimo disse...

Visões sobre o Design Gráfico"
4 Comentários - Ocultar mensagem original Fechar comentáriosPara dar início a empreitada resolvi colocar algumas concepções acerca do Design Gráfico. Trata-se de cinco diferentes “visões”, baseadas em argumentos de autores contemporâneos, que definem este campo do saber conforme seus diferentes interesses. Vamos lá:

1 - Design Gráfico subordinado ao Marketing e a Publicidade

Esta concepção está intimamente relacionada à maneira como a publicidade comercializa mediante “parâmetros de moda” destacando políticas de identidades e ideologias, além de princípios que acentuam o individualismo e a diferença como elementos centrais do Mercado.

Sendo assim, nesta concepção de design gráfico, sua atividade profissional se caracteriza como prestadora de serviços ao mercado de consumo enfatizando o desenvolvimento de projetos que correspondam a uma eficiente, rápida e volumosa reprodutibilidade por meio gráfico.

“Seria importante analisar o grau de compromisso do designer gráfico com as relações sociais de produção próprias do capitalismo, o que pode resultar, numa análise meticulosa, em uma alienação deste designer quanto ao fruto do seu trabalho. Se o designer trabalha para uma agência cujos clientes são grandes empresas nas quais as estratégias de marketing são determinadas por seus respectivos departamentos de marketing, o grau de alienação e indubitavelmente maior” (Villas-Boas, 1997).

“Em todas as suas especialidades, o design é a expressão mais alusiva a cultura da indústria. Seu núcleo conceitual, a configuração, é de natureza essencialmente industrial e sua função específica, semiótica e estética revela e desenvolve a dimensão cultural da produção” (Chaves, 1997).


2 - Design Autoral – O Design Gráfico “quase” Arte

No momento de projetar “um dos caminhos possíveis – tendo em vista os aspectos informativos, estéticos e persuasivos que envolvem a atividade – é o de enfatizar a estética como elemento essencial “ (Frere-Jones, 1997).

Deste modo, enfatiza-se o caráter de composição aproximando o Design a uma Linguagem Artística, valorizando o aspecto inventivo e inovador como condição técnica, além de subjetividade e intuição.

“Existem duas maneiras de um designer validar sua autoridade: a primeira, ligada a uma visão modernista, seria a de apresentar-se como um engenheiro visual ou então um quase-cientista. Seu desafio consistiria em estudar um problema e produzir o mais eficiente e claro método de comunicar. A segunda seria enfatizar a natureza artística do design. Neste caso, o cliente esperaria dele um projeto que incorporasse uma determinada composição. A legibilidade, neste caso, poderia ser deixada de lado a favor da criação de uma atmosfera”. (Michel Rock, in Frere-Jones, 1997).


3 - Design Gráfico com ênfase na Comunicação

Nesta concepção o aspecto essencial da profissão não é criar formas e sim criar comunicações. Ou seja: se cria porque alguém quer comunicar algo a outra pessoa. A razão de ser de uma peça de design gráfico é comunicar visualmente.

“Desta maneira a melhor definição e o título más apropriado e descritivo para esta área é ‘Design de Comunicações Visuais’ , já que neste caso estão presentes os três elementos necessários para definir uma atividade: um método: Design; um objetivo: Comunicar; um campo: o Visual” (Frascara, 1988)

“O Design de Comunicações Visuais, muito além da cosmética, tem a ver com o planejamento e estruturação das comunicações, com sua produção e com sua avaliação” (Frascara, 1998).

Nesta concepção o Destinatário (ou usuário da mensagem) assume a preocupação central e a construção de mensagens não provém de princípios estéticos universais ou caprichos do designer. Num design publicitário onde o público não compra o produto anunciado, a estratégia fracassou, apesar da possível beleza da peça ou da quantidade de prêmios que o designer tenha ganho.

Da mesma maneira, em outras categorias do design gráfico, devemos destacar suas funções de afetar o conhecimento, o comportamento ou a conduta das pessoas. Por isso a propaganda política esta dirigida a afetar a opinião e as ações das pessoas; os sinais de trânsito, a afetar o comportamento das pessoas organizando o fluxo de veículos; os materiais didáticos, a afetar o conhecimento otimizando a tarefa educativa; e os símbolos de segurança industrial, a afetar a conduta reduzindo os acidentes de trabalho.


4 - Design Gráfico - Trabalhando em Equipe

Esta abordagem concebe o Design Gráfico como uma atividade menos dependente de inspirações individuais (menos criador distanciado), e sim como um membro de uma equipe de profissionais associados ao processo de manufatura, ao mercado e aos usuários. A atuação profissional passa a ser encarada como um processo evolutivo de negociação constante.

“Este profissional generalista deve ter uma formação que lhe permita entrar em contato produtivo com uma série de especialistas: sociólogos, psicólogos, antropólogos, educadores e profissionais de marketing, visando uma abordagem mais profunda a complexa o que resultaria em uma solução mas efetiva do problema”. (Frascara, 1997).

Esta conceituação assume o design gráfico como necessariamente de massa e contextualizado, adaptado às características econômicas, sociais e culturais de seus usuários.


5 - Design Engajado

Esta concepção é contrária a idéia de que o Designer é um transmissor neutro das mensagens dos clientes. De certa forma, se opõe também aos conceitos da Bauhaus e do Funcionalismo, cujos pressupostos eram Clareza e Objetividade.

Esta idéia surge a partir de um encontro ocorrido em 1968, onde grande parte dos designers participantes ignorava os problemas políticos e culturais da época, então, extremamente conturbada.

“O Universalismo nos trouxe um estilo corporativo homogeneizado que está baseado principalmente em helvética e na Grid, ignorando o poder e as potencialidades dos vocabulários estilísticos regionais, idiossincráticos, pessoais ou culturalmente específicos. E o ideal de design neutro é um mito perigoso. Na realidade todas as soluções de design envolvem um ângulo, uma perspectiva, implícita ou explícita. Os designers mais honestos reconhecem suas inclinações abertamente, ao invés de manipular suas audiências com afirmações de “verdade” universal e pureza”. (McCoy, 1997).
publicada por Bianca Maria Rego Martins às 22:59 a 25/Ago/2005

quinta-feira, 08 novembro, 2007  

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